Odontologia em perspectiva: Princos pipais desafios da próxima década e caminhara a preparação profissional e institucional


As próximas décadas trarão mudanças expressivas no perfil epidemiológico da população, pressionando os sistemas de saúde e exigindo uma atuação mais estratégica da odontologia. Para cirurgiões-dentistas e gestores de saúde, compreender os problemas emergentes e antecipar respostas sustentáveis será essencial para garantir resolutividade clínica, equidade no acesso e integração com o cuidado sistêmico.
1. Problemas odontológicos estimados para os próximos 10 anos
Envelhecimento e doença periodontal:
A população idosa deve dobrar nas próximas décadas. Com isso, prevê-se o aumento da doença periodontal severa, perda dentária funcional e necessidade de reabilitação oral complexa. A interface com doenças sistêmicas — como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares — reforça a importância do manejo odontológico integrado ao cuidado multiprofissional.
→ Saúde bucal de pacientes com condições sistêmicas:
Pacientes oncológicos, transplantados, imunodeprimidos ou em uso de medicamentos como bisfosfonatos e imunobiológicos exigirão protocolos específicos de atenção odontológica. A atuação preventiva e o acompanhamento contínuo tornam-se cruciais.
→ Bruxismo, disfunções de ATM e desgaste dental:
Cresce a demanda por atenção a distúrbios funcionais, muitas vezes relacionados ao estresse crônico. A odontologia precisará ampliar sua capacidade diagnóstica e terapêutica, incluindo abordagens interdisciplinares com psicologia e fisioterapia.
→ Desigualdades no acesso e fragmentação do cuidado:
Ainda é expressiva a parcela da população que não tem acesso regular a serviços odontológicos, especialmente em regiões periféricas e rurais. Essa lacuna favorece quadros avançados de doença bucal, com maior custo e complexidade terapêutica.
2. Como a odontologia tem se preparado — e o que ainda falta
→ Tecnologias digitais e inteligência artificial:
A digitalização dos processos clínicos — como CAD/CAM, scanners intraorais e planejamento virtual — já é realidade em clínicas privadas e centros de ensino. A tendência é que, nos próximos anos, essas tecnologias também sejam incorporadas a redes públicas e planos de saúde, melhorando previsibilidade e eficiência nos tratamentos.
→ Teleodontologia e modelos híbridos de atendimento:
A teleodontologia, regulamentada no Brasil e impulsionada pela pandemia, tem se mostrado útil para triagem, educação em saúde e acompanhamento remoto. Quando integrada a sistemas de saúde, pode reduzir barreiras geográficas e otimizar o uso de recursos.
→ Atenção primária e odontologia baseada em risco:
Modelos de cuidado baseados em risco, com estratificação de pacientes e protocolos personalizados de prevenção, ganham força. São especialmente estratégicos para redes públicas, que precisam otimizar o uso de profissionais e insumos.
→ Formação profissional com foco em saúde coletiva e gestão clínica:
Ainda é necessário avançar na formação de dentistas com competências em saúde pública, vigilância em saúde bucal, gestão de indicadores e uso de dados para a tomada de decisão. A atuação em equipes interdisciplinares e o domínio de tecnologias digitais devem ser incorporados de forma mais estruturada nas graduações e residências.
→ Inovação em biomateriais e terapias regenerativas:
Pesquisas em regeneração tecidual, uso de células-tronco e novos biomateriais biocompatíveis prometem mudar o paradigma da reabilitação oral. No entanto, a democratização dessas tecnologias ainda é um desafio.
3. Da previsão à ação estratégica
A próxima década trará uma odontologia mais tecnológica, preventiva, integrada e, espera-se, mais equitativa. Para isso, será fundamental o engajamento ativo de cirurgiões-dentistas e gestores na formulação de políticas públicas, no fortalecimento da atenção primária, na adoção de tecnologias baseadas em evidência e na construção de um cuidado centrado na pessoa, não apenas na doença.
O futuro não se espera — se constrói. E a odontologia tem papel decisivo na construção de sistemas de saúde mais resilientes e humanos.
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